les enfants du paradis

Um olhar despretensioso me veria sentado comendo pipoca assistindo a vida passar vagarosa diante dos nossos olhos com a dúbia consciência de que o dia de hoje não volta mais. Alguém que procurasse poderia me enxergar mergulhando de cabeça num oceano de calmas águas mornas para então ficar à deriva deixando os peixes fazer cócegas nos pés. Se me perguntassem eu diria que estava garimpando as palavras a fim de preparar meu discurso de um jeito que não ficassem emendas nem rasuras. Enquanto que por dentro eu me sentia flutuando entre as nuvens de algodão doce deixando rastros de arco-íris e com o frio na barriga me conduzindo até onde fosse possível chegar. Sendo que na verdade estava ali deitado de olhos fechados com os fones de ouvido plugados sentindo o silêncio e o escuro do quarto enquanto a música seguinte não começava.

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