RIS, MEXICANA ASA NEGRA

Há quanto tempo estou aqui? Não sei. Já tomei mais da metade dessa garrafa. Estou perdido aqui dentro; tranquei todas as portas. Meu raciocínio já perdeu velocidade; nem penso mais direito. Mas ainda penso em ti.
Estou cansado; devo ter andado quilômetros de um lado pro outro dentro dessa sala. Mas não estou mais ansioso. Eu esperava – em vão, penso agora – que as coisas mudassem – e rápido; só que agora eu sei que a situação saiu do meu controle.
Me sinto como se fosse morrer; ou já estou morto. Não sei o fim dessa história. Em minhas mãos, uma garrafa de tequila; não sei até onde chega meu autocontrole – até onde controlo minha sensatez e não começo a beber?
Eu sei que não consigo me controlar se eu beber demais; não tem segredos, perco meus valores morais e fico vulnerável. Tudo o que quis falar será falado.
Nas paredes, escrevi teu nome. Em azul. Ficas tão bonita de azul. Não entendo porque alguém pode dizer que o azul é uma cor triste; o mar, o céu, tu. A garrafa, pela metade, não me deixa mentir. Eu te abraço minha mexicana, e não sinto teus braços em meu redor. Sei que ris, mexicana asa negra, teu sarcasmo me comove.
Meio cheia; ou meio vazia? Tento preencher minha mente com qualquer tipo de raciocínio, qualquer coisa que me leve pra longe de ti; tu não estás aqui agora – e não quer estar. Mas esse dia vai chegar, eu espero.
Essa garrafa vazia me joga na cara que estou sozinho. A menos esse cara irônico que tenta metaforizar o óbvio e esse sujeito que finge entender de si mesmo – no mais, sou só esse velho caído, bêbado, sem razão em querer dizer qualquer coisa. E esse não sou eu; eu não estou aqui, portanto não estou aqui sozinho.
Quantas vezes vou ler teu nome na parede? Agora não cabe mais nenhum, eu o escrevi bem grande – em azul! Estavas tão bonita hoje.
Termino com reticências. Sei que não lerás o que quer que eu venha querer a dizer. Essa poesia vai ficar escondida no meio das outras, que querem dizer muito mais do que essa e terão a mesma atenção: um olhar desinteressado e um rumor de “depois eu leio”.
Vou destrancar a porta. Alguém me leva pro hospital.


willian

3 comentários:

  1. merci beaucoup pour ton commentaire et pour le lien !
    j'ai essayé de lire les textes que tu as publiés mais je n'ai pas réussi à comprendre...

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  2. "Eu sei que não consigo me controlar se eu beber demais..."


    Pois é... Acho que isso faz parte da realidade mesmo...

    =xxx


    ATUALIZAAAAA!!

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  3. então era isso q vc tava falando sozinho... u.u olhando para o nada..
    huiheiuhe. tequila, eeee malvada.

    bju peixinho

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